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A evolução das máquinas

Postado 
26/09/2022
 às 
15:19

A evolução das máquinas

A história de como as máquinas de tatuagem surgiram é bem peculiar, na verdade. Ela se inicia, por incrível que pareça, com uma das maiores mentalidades que já existiu na história do mundo: Thomas Edison.

Mas além do chute inicial de Edison, diversas outras mentes brilhantes contribuíram decisivamente para chegarmos onde estamos hoje, e o mais legal disso tudo: a maioria foi, além de mentes brilhantes no ramo tecnológico, tatuadores, assim como você! Então toma uma água, come um biscoitinho e aperta o cinto, porque a viagem no tempo de hoje vai ser brutal!

A relação de Edison com as máquinas de tatuagem

Thomas Edison foi um inventor e empresário estadunidense, mundialmente conhecido por ter sido a cabeça pensante por trás de, aproximadamente, 2 mil produtos. Entre suas mais célebres invenções se encontram a lâmpada incandescente, o fonógrafo, o microfone de grânulos de carvão para o telefone, dentre outros que o condecoram como um dos precursores da Revolução Tecnológica no Séc. XX.

Dentre as milhares de invenções criadas por Edison, uma delas foi a impressora autográfica, desenvolvida com a função de registrar gravuras e escritas em superfícies duras, como pedras, por exemplo.

A ideia era que o produto fosse utilizado para a confecção de fachadas de comércio, outdoors, dentre outras funcionalidades aplicadas à publicidade, uma vez que em meados de 1850 não existia o Photoshop, né, não?

A questão é que a impressora autográfica, em sua proposição de vendas inicial, foi um fracasso. Em paralelo a isso, as tatuagens da época eram feitas das formas mais saudáveis que existiam, como hastes de bambu, ossos de animais, pregos enferrujados, enfim, só coisa boa!

Samuel O’Reilly, o homem que mudou o jogo

Um dos grandes tatuadores da época, Samuel O’Reilly, era conhecido por seus trabalhos extremamente elaborados, que envolviam, principalmente, fechamentos de costas. Entretanto, devido aos meios ainda arcaicos de pigmentação, seus trabalhos levavam dias, às vezes semanas, para ficarem prontos.

Certo dia, O’Reilly teve contato com um anúncio da impressora autográfica e, na hora, já imaginou que daria para trazer a máquina de Thomas Edison para seu contexto como artista. 

O tatuador comprou a impressora autográfica e começou a fuçar nela por inteiro, até conseguir dar uma nova dinâmica para a máquina, que fazia ela se movimentar de baixo para cima. Então, O’Reilly trocou a ponta da máquina por uma agulha, e eureka: estava feita a primeira máquina de tatuagem!

Charlie Wagner e as máquinas de bobina

Cerca de 10 anos após patentear sua invenção, Sam O’Reilly faleceu, mas seu legado seria eterno. Dentre seus diversos aprendizes, um deles era Charlie Wagner, considerado o rei das tatuagens bowery e uma referência a Bowery St., em Nova York, um dos berços da tatuagem ao redor do mundo.

Charlie Wagner, além de um grande tatuador, era também, assim como seu mentor, extremamente inventivo. Sua contribuição para a evolução das máquinas foi nada mais nada menos do que o acréscimo das bobinas voltadas por cobre, que transformavam a energia elétrica em magnética e aumentavam a precisão e versatilidade do traçado.

A contribuição de Charlie para a modernização das máquinas de tatuagem é imensurável. Ainda hoje, uma parte considerável dos tatuadores utiliza máquinas de bobina que, claro, foram adquirindo um design mais moderno com o passar do tempo.

Percy Waters abre o caminho para o mainstream

Saindo de Nova York, e aterrissando em Detroit, outro grande nome da cena da tatuagem, que já começava a se popularizar nos Estados Unidos de forma mais orgânica, foi Percy Waters, um dos primeiros “homens de negócios” da tattoo.

Waters era, além de artista, inventor e empresário. Sempre teve aptidão por negócios e pela publicidade. Ao refinar o design da última versão da máquina de bobina de Wagner, com o significativo acréscimo de uma agulha mais precisa, que na época era utilizada para cortes de plástico, Waters começou a divulgar o seu protótipo, e se deu muito bem.

Carol “Smokey” Nightingale define a máquina de tatuagem

Nascido em uma família de artistas, Carol “Smokey” Nightingale ganhou sua primeira máquina de tatuagem de sua mãe, uma artista circense, que o ensinou os primeiros fundamentos sobre arte que ele precisava saber.

Smokey, honrando suas origens circenses, era um nômade. Estabeleceu seu trabalho como tatuador em diversas cidades do Canadá, seu país de origem. Passou por Aliston e Ontário, antes de se estabelecer em Vancouver, onde idealizou sua obra-prima: o protótipo de máquina de bobina como conhecemos hoje!

Carol contribuiu com algumas mudanças avassaladoras, como a possibilidade de ajustar as bobinas, feixes de molas com tamanhos diferentes, e uma barra que deixava o ângulo da “armadura” completamente vertical, que tornaram a máquina mais confortável para o tatuador até então.

A queridinha rouba a cena: Carson Hill e a máquina pneumática

A última grande novidade nos modelos de máquinas atuais, foi nos anos 2000, quando Carson Hill patenteou a primeira máquina de tatuagem pneumática do mundo.

A mais desejada entre os tatuadores hoje em dia tem como diferencial ser movida a gás, podendo ser facilmente esterilizada, fazendo que ela seja a mais atual e segura das máquinas.

Papo reto da Ink

Assim como a arte, a evolução das máquinas de tatuagem representam a importância de valorizarmos legados, e de buscarmos formas disruptivas e funcionais para aplicarmos o subconsciente artístico e criativo que existe em todos nós.

Seja você um inventor, que todos consideram genial, ou seja você um artista, que nem sempre lhe é atribuído a genialidade merecida, somos seres pensantes e criativos, e podemos mudar o mundo constantemente, independente de qualquer coisa. A evolução das máquinas é a maior prova disso.

Entramos no túnel do tempo e levamos você até a primeira máquina de tattoo até a que você mais deseja ter atualmente, e fica tranquilo que se nesse período de tempo algum outro gênio ou doido resolver inventar mais alguma máquina de tattoo, pode deixar que a gente te conta! 

Autor (a):

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Gabriel Lima
Quase jornalista, quase designer e quase tatuado. Apaixonado por esportes, cultura de rua e pelas histórias que a vida conta.